Belém – Pará: O naufrágio do navio Haidar em Barcarena, no Pará, continua gerando polêmica quase uma década após o incidente. Em 2015, a embarcação, carregada com mais de 4.900 bois vivos, afundou na região do Porto de Vila do Conde, causando impactos ambientais e sociais significativos.
Contrato Milionário Sem Resultado
Em 2019, o governo federal, sob a gestão do então presidente Jair Bolsonaro, assinou um contrato de R$ 44,6 milhões com a empresa Superpesa Companhia de Transportes Especiais para a remoção do navio naufragado. O contrato foi firmado pelo então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, atualmente governador de São Paulo.
Apesar do pagamento de R$ 18,1 milhões à Superpesa em 2020 e 2021, o navio permanece submerso no rio Pará. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) apontou que a metodologia usada para a remoção era inadequada, impossibilitando a verticalização da embarcação, etapa essencial para seu deslocamento.

Problemas Contratuais e Penalidades
A Superpesa, que estava em recuperação judicial durante a execução do contrato, foi multada em mais de R$ 1 milhão pelo DNIT em 2022. A empresa também foi suspensa de novas licitações por dois meses devido ao descumprimento de obrigações contratuais.
Impactos Ambientais e Sociais
O naufrágio gerou sérios danos ambientais, com vazamento de óleo diesel e a flutuação de carcaças de bois, afetando milhares de ribeirinhos na região da Baía do Marajó. Em 2018, um acordo judicial resultou em uma indenização de R$ 10,65 milhões para os afetados, incluindo pescadores e moradores locais.
Nova Ação na Justiça Internacional
Em 2020, uma nova ação foi movida na Justiça inglesa, buscando indenização para cerca de 18 mil pessoas afetadas, incluindo pescadores e crianças. O valor da indenização foi calculado em aproximadamente £ 108 milhões (cerca de R$ 810 milhões).
Soluções Futuras e Investigação em Curso
O Ministério de Portos e Aeroportos está planejando uma nova licitação para a retirada definitiva do navio. A Companhia Docas do Pará (CDP), responsável pela administração dos portos, declarou que ações para solucionar o problema estão previstas para 2025.
Conclusão
O caso do naufrágio do navio Haidar em Barcarena permanece sem solução definitiva, com milhões já gastos e inúmeras famílias impactadas. O incidente é um exemplo de má gestão pública e falta de responsabilidade ambiental e social.