A Nova Rota da Seda, oficialmente chamada de “Cinturão e Rota”, é uma iniciativa lançada pela China em 2013 para expandir sua influência global por meio de investimentos em infraestrutura, comércio e conectividade. Até 2024, mais de 100 países aderiram ao projeto, que movimentou mais de um trilhão de dólares.
Apesar da relevância da China como maior parceiro comercial do Brasil, o governo brasileiro adota uma postura cautelosa, evitando aderir formalmente à iniciativa. Em vez disso, prefere buscar “sinergia” com os investimentos chineses, como destacou o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, durante visita oficial do presidente Lula à China.
Brasil busca equilíbrio entre China e EUA
A estratégia brasileira prioriza manter uma posição de equidistância entre China e Estados Unidos. Ao invés de se comprometer diretamente com o projeto chinês, o Brasil opta por negociar acordos bilaterais em áreas específicas, garantindo flexibilidade e proteção de seus interesses.
O Ministério das Relações Exteriores destaca que a ausência de um tratado internacional formal para regulamentar a adesão ao Cinturão e Rota é outro fator que pesa na decisão do Brasil de não se vincular diretamente à iniciativa.
Investimentos chineses em alta no Brasil
Durante a visita de Lula à China, empresas chinesas anunciaram planos de investir R$ 27 bilhões em novos projetos no Brasil. Entre os setores beneficiados estão:
- Carros elétricos: A montadora GAC planeja investir R$ 6 bilhões para expansão no Brasil.
- Delivery: A Meituan, gigante do setor, destinará R$ 5 bilhões ao país, com previsão de gerar até 4 mil empregos diretos.
- Energia limpa: A CGN, estatal chinesa, investirá R$ 3 bilhões em um hub de energia renovável no Piauí.
- Mineração: O grupo Baiyin Nonferrous investirá R$ 2,4 bilhões na mina de cobre Serrote, em Alagoas.
O governo brasileiro pretende criar um fórum para que empresas estrangeiras, incluindo as chinesas, possam ter acesso antecipado a informações sobre projetos de infraestrutura que serão leiloados, permitindo maior planejamento e participação nos investimentos.

Equilíbrio estratégico: o Brasil entre potências
A estratégia de manter “sinergia” com a China, sem adesão formal à Nova Rota da Seda, permite ao Brasil negociar de forma independente com Pequim e Washington, aproveitando-se da rivalidade entre as duas potências para garantir melhores condições em acordos econômicos e comerciais.
Essa política de equilíbrio é reforçada pela vitória de Donald Trump nas eleições de 2024 nos EUA, que trouxe incertezas para o comércio global. O Brasil aposta em manter sua flexibilidade para negociar com ambos os lados, garantindo benefícios para sua economia.