
Produtor de Teutônia e frigorífico de Westfália são investigados após indícios da doença próxima a Montenegro, epicentro do surto
Uma nova suspeita de contaminação por gripe aviária foi identificada no Rio Grande do Sul, desta vez envolvendo um produtor rural em Teutônia e um frigorífico em Westfália, municípios vizinhos localizados a cerca de 50 km de Montenegro — local do primeiro caso confirmado de Influenza Aviária no estado, registrado em 16 de maio. Até o momento, Montenegro permanece como o único foco oficial da doença em granjas comerciais gaúchas.
Segundo informações obtidas, auditores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) identificaram aves no frigorífico com sintomas típicos da gripe aviária, como secreção ocular, nas narinas, além de problemas neurológicos, como torcicolo e dificuldade motora. Amostras foram coletadas e encaminhadas para análise laboratorial.
Na manhã desta quarta-feira (4), a Coordenação do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal solicitou detalhes sobre o estoque de produtos do frigorífico, que é parte do lote de 12.524 aves programadas para abate no dia 3 de junho. Resta ainda um quantitativo de 37.571 aves do mesmo lote, com idade média de 43 dias, sob monitoramento.

O Mapa ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Contudo, na última semana, o ministro Carlos Fávaro pediu paciência ao Senado para o fim do “vazio sanitário”, período de 28 dias iniciado para garantir a erradicação da doença na região, previsto para se encerrar em 19 de junho, desde que nenhum novo caso seja detectado.
Em paralelo, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) atualizou sua avaliação, restringindo o surto oficialmente à região de Montenegro, embora o embargo nacional à exportação de aves e produtos derivados continue vigente em mais de 40 países, incluindo potências como China e União Europeia.
Na última quinzena, a Seara, empresa do Grupo JBS, realizou o abate emergencial de 67,1 mil frangos em granja próxima ao foco de Montenegro. Essa ação foi autorizada pelo Mapa e excedeu em muito o abatimento realizado no epicentro do surto, onde 8.747 aves foram eliminadas por apresentarem sintomas ou por precaução sanitária.
A empresa afirmou que o abate foi uma medida voluntária, mesmo não sendo obrigada por protocolos, motivada por critérios comerciais e de produção.
Além das medidas nas granjas comerciais, o surto ganhou contornos mais amplos com a confirmação do vírus H5N1 em animais silvestres: um irerê encontrado morto no zoológico de Brasília testou positivo para a gripe aviária, e casos similares foram registrados no Zoológico de Sapucaia do Sul (RS), que permanece fechado desde 14 de maio para conter a disseminação. Lá, 107 aves anatídeas — como patos e cisnes — morreram em decorrência da doença.
O governo mantém vigilância rigorosa, focando principalmente na fiscalização das granjas e frigoríficos, devido ao alto risco de propagação em ambientes com grande concentração de aves.