Operação Teatro Invisível 2: PF mira contratos fraudulentos de R$ 3,5 bi que pagaram atores; prefeito bolsonarista de Cabo Frio é alvo 

G1

Em setembro, na 1ª fase, 4 pessoas foram presas. No esquema, atores encenavam diálogos em locais de grande circulação a fim de desmoralizar adversários políticos e influenciar o eleitorado — e esse teatro era filmado e postado nas redes. Agora, a PF busca saber como tudo isso foi pago.

A Polícia Federal (PF) iniciou nesta quarta-feira (16) a Operação Teatro Invisível 2, sobre uma rede de desinformação que atuava no RJ em períodos eleitorais. Segundo as investigações, os atores contratados para encenar diálogos em locais de grande circulação a fim de influenciar o eleitorado foram pagos com o dinheiro público de contratos de serviços inexistentes.

A investigação busca recuperar cerca de R$ 3,5 bilhões de prejuízo causado aos cofres públicos.

Agentes saíram para cumprir 10 mandados de busca e apreensão — não há ordens de prisão. O prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho (PL), é um dos alvos. A Justiça ainda determinou o bloqueio nas contas dos investigados de valores que somam os R$ 3,5 bilhões e a suspensão das atividades econômicas de 8 empresas.

Também têm mandados de busca 2 candidatos a prefeito derrotados em 2024: o deputado estadual Valdecy da Saúde (PL), que concorreu em São João de Meriti, e Aarão (PP), postulante em Mangaratiba. Rubão (Podemos), que disputou sub judice em Itaguaí, ficou em 1º, mas foi impedido de tomar posse, é outro alvo.

A PF foi para endereços na capital, Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e Juiz de Fora.

Como o teatro foi pago?

A 2ª fase da Operação Teatro Invisível mira o financiamento das encenações. A PF descobriu que os atores eram pagos com o dinheiro de contratos genéricos firmados entre prefeituras com aquelas 8 empresas.

O grupo é suspeito de obstrução de justiça, caixa 2, fraude em procedimentos licitatórios e lavagem de dinheiro.

A PF apurou também que o grupo criminoso destruiu provas que poderiam incriminar seus integrantes, as quais estavam armazenadas, principalmente, em meios digitais.

As apurações também trouxeram evidências de que o grupo utilizou recursos não declarados à Justiça Eleitoral, a fim de favorecer candidatos políticos nas eleições de 2024.

“Além disso, observou-se que alguns dos investigados são proprietários de empresas que fraudaram o caráter competitivo de procedimentos licitatórios em quatro municípios RJ (Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e São João de Meriti)”, afirmou a PF.

“Há novas provas contundentes de atos de lavagem de dinheiro praticados de maneira sistemática pela organização criminosa. O esquema incluía transações ilegais por meio de contas de passagem, uso de dinheiro em espécie, empresas com vasta atividade econômica e a aquisição de bens de alto valor”, descreveu.

Se condenados pelos crimes cometidos, os investigados se sujeitarão a penas máximas que, somadas, podem ultrapassar 27 anos de reclusão.