Por JG
Os vereadores Salazar, Rosses, Carpê e os deputados Dan Câmara, Cabo Maciel, Pericles Nascimento, Alessandra Campelo em Brasília, Alberto Neto os eleitores precisam fazer reflexão em 2026
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) nunca foi apenas um órgão técnico de Estado — e isso é um problema. Há muito tempo ela se converteu em uma moeda eleitoral valiosa: serve de vitrine para candidatos em ascensão e, depois da eleição, se transforma em instrumento de repressão aos desafetos políticos. Esse ciclo viciado vem se repetindo em diferentes governos, com diferentes cores partidárias, mas com a mesma prática autoritária de fundo.
Em períodos eleitorais, é comum ver a figura do “xerife” surgir na mídia, prometendo combater o crime com mãos de ferro, enquanto prepara o terreno para uma candidatura. O discurso é sempre o mesmo: tolerância zero, enfrentamento à criminalidade, suposta eficiência na gestão da violência. Mas, passada a eleição, a realidade volta a se impor — a segurança pública continua precária, a violência segue crescente, e as estruturas policiais são usadas para outros fins: intimidar, perseguir, silenciar.
Jornalistas independentes, ativistas, opositores e até servidores públicos críticos se tornam alvos preferenciais. A máquina do Estado é mobilizada não para garantir a ordem ou a paz social, mas para sufocar a crítica. A SSP-AM deixa de proteger e passa a punir quem ousa questionar os donos do poder.
Na política, a apropriação das forças de segurança é ainda mais visível. Em Manaus, três vereadores são ex-militares. Na Assembleia Legislativa, há outros quatro parlamentares oriundos das polícias Civil e Militar. O curioso — e lamentável — é que, apesar dessa representação, os problemas que afetam as bases das corporações seguem ignorados. Nenhum desses representantes empunha a bandeira das melhorias salariais, do cuidado com a saúde mental, da valorização real das forças de segurança. Eles estão mais preocupados com suas promoções pessoais e com o uso da farda como escudo político.
A verdade é dura: a segurança pública no Amazonas foi sequestrada pelo jogo político. Não é pensada como política pública, mas como trampolim eleitoral e ferramenta de coerção. Enquanto isso, o cidadão continua à mercê da violência nas ruas, e os profissionais da segurança, abandonados por aqueles que deveriam ser suas vozes no poder.
É preciso romper esse ciclo. A SSP-AM deve servir ao povo, não ao projeto de poder de quem ocupa o governo de plantão.