Após três anos falando em ‘fraudes eleitorais’, Bolsonaro fez live na quinta (29) com notícias falsas e admitiu não ter provas das acusações.
Onze partidos protocolaram neste sábado (31) representação pedindo que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) exija explicações do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre declarações feitas contra a lisura das eleições com urnas eletrônicas.
Em live na quinta-feira (29), Bolsonaro admitiu que não tem provas para afirmar que há risco de fraude no sistema atual de urnas eletrônicas – ou que as últimas eleições realizadas no país tenham sido fraudadas.
A transmissão se estendeu por mais de duas horas e Bolsonaro tratou de diversos temas não relacionados às eleições. Em vez de provas, no entanto, o presidente apresentou uma série de notícias inverídicas e vídeos que já foram desmentidos diversas vezes por órgãos oficiais.
Assinam o requerimento o MDB, Solidariedade, PT, PDT, PSDB, PSOL, REDE, Cidadania, PV, PSTU e PCdoB. O Planalto ainda não se manifestou sobre o pedido.
Segundo os partidos, o que se observou na live, que pretendia trazer provas das fraudes, “foi um ato estritamente político, com críticas expressas a partidos de oposição, deputados e senadores que se manifestam de maneira contrária aos interesses do presidente Jair Bolsonaro, seguido de inúmeras ofensas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, cuja atuação foi colocada sob suspeita por ‘estranhamente’ convencer um grande número de pessoas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas”.
O requerimento afirma também que o presidente “busca desmerecer os pilares democráticos e uma forma de eleição cuja confiabilidade vem sendo observada por quase um século, garantindo a alternância democrática em estrito reflexo da vontade popular”.
As siglas pedem providências da Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral e que o presidente seja interpelado a prestar esclarecimentos.
Live
Bolsonaro convocou veículos de imprensa e usou a emissora pública de televisão para uma transmissão em tempo real na qual, segundo anunciou, seriam mostradas “provas” das fraudes.
Bolsonaro esteve ao lado de um “especialista” apresentado por ele apenas como “Eduardo, analista de inteligência”. Questionada inicialmente, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) disse não ter a identificação completa do homem.
Ao fim da “live”, o governo informou tratar-se de Eduardo Gomes da Silva, coronel do Exército e ex-assessor especial do ministro Luiz Eduardo Ramos na Casa Civil. Segundo Bolsonaro, o coronel hoje trabalha justamente na Secretaria de Comunicação.
“Os que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação. Apresente provas de que ele não é fraudável”, declarou Bolsonaro em determinado momento.
“Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”, disse, minutos depois.
“Não temos provas, vou deixar bem claro, mas indícios que eleições para senadores e deputados podem ocorrer a mesma coisa. Por que não?”, apontou em um terceiro momento.