PDT tem dificuldade de formar palanques para Ciro Gomes

Maioria dos pré-candidatos a governador pelo partido não conseguiu reunir o apoio de uma sigla sequer até aqui, refletindo falta de coligação de Ciro Gomes

Ainda sem ter conseguido achar um partido disposto a se coligar à candidatura presidencial de Ciro Gomes, o PDT tem visto esse isolamento se repetir na maioria dos estados. Dentre os oito nomes do partido confirmados na disputa por governos estaduais, somente três conseguiram tirar a aliança do zero com o apoio de ao menos uma outra sigla: Rodrigo Neves no Rio, Weverton Rocha no Maranhão e o candidato no Ceará, cujo nome ainda não foi definido.

A conjuntura é difícil mesmo nos casos em que há alianças confirmadas. No Rio, Neves só logrou atrair siglas pequenas, como o Patriota, o Agir (ex-PTC) e o Cidadania. A última legenda, porém, está federada com o PSDB e, embora o PDT tente atrair os tucanos, o partido deve ceder Cesar Maia como vice para a chapa do deputado federal Marcelo Freixo (PSB), também pré-candidato ao Palácio Guanabara. Além disso, o ex-prefeito de Niterói tem feito acenos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário de Ciro na disputa ao Planalto, embora não assuma publicamente.

Já no Maranhão, onde Weverton lidera as pesquisas ao governo estadual e tem uma gama de partidos em sua aliança — incluindo o PTB e o PL, do presidente Jair Bolsonaro —, o senador também quer apoiar Lula, ainda que o petista já tenha palanque no estado.

No Ceará, o PDT vai escolher entre o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio e a atual governadora Izolda Cela o postulante ao Executivo para compor chapa com o PT, que terá o ex-governador Camilo Santana como candidato ao Senado. A aliança histórica entre os dois partidos, apesar de forte, também terá que se dividir para o palanque presidencial, mesmo no reduto eleitoral de Ciro Gomes.

A dobradinha também pode se repetir no Paraná, em que o PDT deve indicar o nome ao Senado na chapa do petista Roberto Requião ao governo; em Santa Catarina, onde o apoiado deve ser Décio Lima (PT), com outro pedetista para senador; e no Rio Grande do Norte, em que o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), será o candidato da chapa ao Senado, enquanto a atual governadora Fátima Bezerra (PT) tenta a reeleição.

Para o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, dividir chapas nos estados com o PT, adversário na disputa ao Planalto, não será um problema para a candidatura de Ciro.

“Isso já aconteceu em 2018, não vejo problema. Cada candidato vai apoiar e dar palanque ao nome do seu partido”, afirma Lupi.

Dentre as outras pré-candidaturas pedetistas já colocadas, a que tem melhor desempenho em pesquisas é a da senadora Leila Barros, no Distrito Federal. Até o momento, no entanto, ela caminha sozinha, assim como Elvis Cezar (SP), Carol Braz (AM), Juraci Francisco dos Santos (RR) e Vieira da Cunha (RS).

Há ainda conversas para que o PDT indique o vice de ACM Neto (União), apoiado na Bahia, e de Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo, embora nenhum dos dois seja certeza de palanque para Ciro, já que o União lançou Luciano Bivar e o PSB, aliado do PT, vai apoiar a candidatura de Lula. Em Goiás, o apoio pedetista deve ser do governador Ronaldo Caiado, independentemente de o partido ter um nome na chapa.

“Há outros casos ainda em conversa e que só serão definidos à frente. No Pará, por exemplo, o PDT vai apoiar o Helder Barbalho (MDB) sem nome algum na chapa, mas ele prometeu dar palanque ao Ciro”, afirma Lupi.