PF encontra mensagens em que blogueiro investigado sugere intervenção militar a assessor de Bolsonaro, diz revista

RIO – A Polícia Federal, dentro das investigações que apuram a realização de atos antidemocráticos, identificou mensagens defendendo uma intervenção militar enviadas pelo blogueiro Allan dos Santos, dono do canal de Youtube Terça Livre, para o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro. Em suas redes sociais, Allan chamou as conversas de ‘especulação em privado’. As informações foram publicadas pela revista Crusoé.

Segundo a reportagem, Allan dos Santos escreveu no WhatsApp que há “necessidade de uma intervenção militar”, ao que o tenente-coronel Cid respondeu: “Já te ligo”. O diálogo teria acontecido no dia 20 de abril, um dia após uma manifestação em frente ao QG do Exército, em Brasília, pedindo o fechamento do Congresso e do STF. O presidente Jair Bolsonaro esteve no evento.

Em depoimento à Polícia Federal, o ajudante de ordens explicou que filtrava as mensagens enviadas para o presidente e que não se recorda quais exatamente eram repassadas. Segundo ele, o contato com Allan era para intermediar uma possível participação do presidente no canal Terça Livre.

Seis dias depois, Allan do Santos enviou uma nova mensagem, desta vez afirmando que ‘não via solução por vias democráticas’. Mais uma vez, o militar respondeu que ligaria para o blogueiro. Para a PF, Cid disse que acredita não ter telefonado para o interlocutor nos dois episódios.

Em outra conversa interceptada pela PF, de maio, Allan escreve ‘As Forças Armadas precisam ENTRAR URGENTEMENTE’. Neste diálogo, a resposta do ajudante de ordens foi ‘Opa!’. Em depoimento, ele alegou estar apenas saudando o blogueiro, ‘como, por exemplo, (dizendo) Bom dia!’.

Em suas redes sociais, Allan dos Santos chamou as mensagens de ‘especulações em privado’ e comparou suas afirmações com as do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

‘Até Trump também falou em usar o instituto constitucional conhecido como ‘Isurrection Act’ nos EUA’, escreveu.

Allan afirmou em julho ter ido morar nos Estados Unidos por motivos de segurança. Ele é investigado no inquérito do STF que apura a disseminação de notícias falsas na internet e foi alvo de dois mandados de busca e apreensão da Polícia Federal quando ainda estava no Brasil.