Após determinação da Justiça, a polícia apreendeu o celular do empresário Fabian Santos, flagrado dentro de um motel com uma adolescente de 13 anos no dia 7 de agosto em Manaus, e encontrou diversas conversas entre ele e a tia da adolescente, suspeita de agenciar programas.
A polícia identificou ainda mais vítimas do esquema. Os dois estão presos por suspeita de envolvimento em uma rede de prostituição infantil.
A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (Depca) disse que, pelo menos, outras cinco adolescentes, aliciadas e abusadas pelos suspeitos, foram identificadas. Duas delas já prestaram depoimento. Uma tem 13 anos e a outra, 14.
“Todas foram abordadas por terem perfil que o abusador, que pedófilo deseja. São crianças de pouca compressão física, que são crianças ou se assemelham no perfil com crianças”, informou a delegada Joyce Coelho.
No celular do empresário, a polícia encontrou um trecho de uma conversa onde a mulher diz que tem uma menina virgem para o empresário. “Tu vai ser o primeiro dela”, diz. Ele se interessa e pede foto dela nua.
O procurador-geral de Justiça, Fábio Monteiro, disse que há fortes indícios de rede de prostituição infantil.
“É absurdo esse tipo de intimidade, inclusive, tratando a criança, a adolescente, como um produto realmente a ser adquirido, e a postura da própria tia, da própria agenciadora, que está comercializando um produto”, disse.
A juíza Patrícia Chacon de Oliveira Loureiro decretou a prisão temporária do empresário Fabian Santos e da tia da menina por 30 dias. Ela aceitou os argumentos do Ministério Público de que o andamento das investigações e, principalmente, a segurança da vítima, corriam risco caso os suspeitos continuassem soltos.
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O empresário e a tia chegaram a ser soltos em audiência de custódia no dia 8 de agosto, mas voltaram a ser presos a pedido do Ministério Público, na semana passada.
Santos foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM2), no Km 8 da BR-174, Zona Rural de Manaus, no dia 16 A tia deve ficar detida em uma delegacia até que todos os depoimentos sejam encerrados.
Entenda o caso
O caso já era investigado pela Depca, quando uma denúncia anônima informou o local para onde os suspeitos levariam a garota. Equipes da unidade especializada foram até o motel indicado e flagraram o crime.
Segundo a polícia, a tia da menina costumava entrar no motel no banco de passageiro, para que a sobrinha não fosse vista e pudesse levantar suspeitas de funcionários dos estabelecimentos. Ela se mantinha escondida no banheiro durante o programa.
O homem pagava entre R$ 500 e R$ 1 mil para a tia da jovem. Os abusos começaram neste ano.
Depoimento da vítima
Em um dos trechos, a jovem relata que recebia ameaças de morte da tia, que usava a figura do empresário para lhe intimidar.
“Se ela suspeitasse e fosse presa, ela tinha coragem de me matar e que o [empresário] tinha muito dinheiro e podia me matar (…) Ela disse que o [empresário] era muito calculista. Ela disse que tinha coragem, porque ela não ia para cadeia por causa de mim”, contou.
A vítima relatou ainda o que ocorreu no dia em que o abuso foi descoberto pela polícia e o que sentiu no momento da prisão.
“Quando a gente chegou lá, ela [tia] ficou dentro do quarto e, depois que ele [empresário] começou a fazer o negócio comigo, ela entrou para o banheiro. Aí depois que ele parou, tudo aconteceu. Parece que era a Mulher Maravilha entrando para me salvar”, comentou.