Profissionais da saúde protestam para pedir mais EPIs em hospital de Manaus

Ato reuniu enfermeiros e técnicos de enfermagem, profissionais que atuam na linha de frente no combate ao Covid-19.

Dezenas de funcionários da saúde que atuam no Hospital de 28 Agosto, em Manaus, protestaram em frente à unidade de saúde na manhã desta segunda-feira (27). Um trecho da Avenida Mário Ypiranga chegou a ser interditado. Os manifestantes relataram falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para todos as equipes, sobrecarga de trabalho e cobraram auxílio insalubridade e melhorias na alimentação.

O ato reuniu, principalmente, enfermeiros e técnicos de enfermagem, profissionais que atuam na linha de frente no combate ao Covid-19. Até a sexta-feira (24), segundo o Governo do Estado, eram 477 profissionais confirmados com a doença e dez mortes. O Amazonas já tem mais de 3,8 mil casos confirmados de coronavírus, e o número de mortes já ultrapassa 300.

Durante o protesto, os manifestantes carregavam faixas com reivindicações e pedidos se ajuda: “A enfermagem pede socorro”, Descaso com a Saúde”. Eles, também, fizeram um minuto de silêncio para homenagear profissionais da saúde infectados e que morreram em razão da Covid-19.

“Precisamos de mais equipamentos para a nossa proteção. Temos colegas que já foram a óbito aqui”, disse um enfermeiro. Segundo os participantes, o ato ocorreu após o fim do plantão.

Entre as reclamações, os profissionais também destacaram:

  • Aglomeração no ponto eletrônico de registro de trabalho e falta de falta de álcool gel próximo ao ponto eletrônico;
  • Ticket alimentação – alguns trabalharam não receberam;
  • Distribuição de máscaras N95 para todos os funcionários dos setores, inclusive para maqueiros e serviço de limpeza;
  • Horário de liberação de EPI;
  • Melhorias na alimentação;
  • Refeitório sem descartáveis apropriados;
  • Grupo de risco sem afastamento;
  • Escala defasada
  • Falta de Tamiflu e de medicações no tratamento da Covid;
  • Sobrecarga de trabalho;
  • Falta de material nas clínicas, aparelho de pressão, dextro, oxímetro, gasômetro e lixeiras apropriadas para descartar material utilizado com pacientes
  • Que setor de Nutrição faça a entrega de alimentos.

O que diz o governo

O Governo do Amazonas contestou a informação de falta de EPIs e ainda que não há atraso no pagamento de servidores da saúde, o que inclui técnicos de enfermagem que desde janeiro fazem parte do quadro efetivo da Secretaria de Estado da Saúde (Susam) e recebem em dia como os demais servidores.

Sobre pagamentos de empresas médicas e de enfermagem, nas quais os profissionais recebem pró-labore por serem sócios, o Governo do Amazonas disse que fez uma programação de liberação de pagamentos de parcelas em aberto, que iniciou na última quarta-feira (22). Segundo informado, já foram desembolsados R$ 60 milhões, sobretudo referentes ao mês de fevereiro de 2020, e continua nesta semana que inicia. Os valores de março devem ser pagos até o fim de maio, conforme prazo respaldado em contrato.

“Todos os profissionais que estão nos setores de emergência, Sala Rosa, Politrauma e UTI estão recebendo máscara N95 e outros EPIs necessários, conforme protocolo de recebimento assinados pelo próprio”, completa a nota.

O comunicado diz ainda que, apesar da dificuldade para aquisição no mercado e o aumento no consumo, que quintuplicou desde o início da pandemia, o Governo afirma que mantém esforços para garantir o abastecimento das unidades na capital e no interior.

“Entre os dias 17 e 24 de abril, o HPS 28 de Agosto recebeu da Central de Medicamentos do Amazonas (Cema) cinco remessas de EPIs, com 143,1 mil itens, incluindo 18 mil máscaras cirúrgicas, 700 máscaras N95, 1 mil máscaras de proteção respiratória, 850 kits completos de EPIs produzidos pela UEA, entre outros equipamentos de proteção”, diz.

A Secretaria Estadual de Saúde tem orientado o uso racional e correto de EPIs, conforme recomendações da Anvisa e da Fundação de Vigilância em Saúde e, desde o início da pandemia, vem difundindo material educativo para serem trabalhados nos núcleos de vigilância das unidades.

Os equipamentos são distribuídos aos profissionais de acordo com a situação, o ambiente e o tipo de procedimento realizado em suas unidades.

Para o combate à Covid-19, o Governo do Estado disse que faz aquisição de mais de 4 milhões de máscaras entre cirúrgicas e N95, 36 milhões de pares de luvas descartáveis, 400 mil aventais impermeáveis, 49.1 mil aventais cirúrgicos, 1,2 milhão de aventais descartáveis, 35 mil sapatilhas, 41 mil toucas, 1.115 óculos de proteção. Também recebeu várias remessas do Ministério da Saúde, incluindo 292 mil máscaras cirúrgicas e cerca de 415 mil pares de luvas descartáveis, entre outros itens,

Vem recebendo ainda contribuição de diversas empresas parceiras e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que está produzindo EPIs para os hospitais da capital e interior.