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Reunião encerrada na madrugada desta quarta-feira com a presença de quatro órgãos de controle pede que o governador Wilson Lima torne as restrições mais amplas para evitar o avanço da Covid-19
Uma reunião realizada no fim da noite desta terça-feira, dia 29, e encerrada no começo da madrugada deste dia 30, recomendou que o governador Wilson Lima (PSC) decrete lockdown no Estado. O objetivo é tentar conter o avanço do novo coronavírus no Amazonas.
O termo inglês lockdown (confinamento) não foi usado no encontro, mas pede que o governador tome medidas restritivas mais abrangentes em relação às que estão em vigor hoje.
Em números
Os números de ontem do doença, divulgados pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), foram assustadores.
Eles mostram uma disparada no número de mortes, aumento de casos novos e em taxa de ocupação de leitos clínicos e de UTIs, que já chegam a 90,48{9028a083913d3589f23731fda815f82dd580307fd08b763e2905f04954bd625c} de sua capacidade.
Na rede estadual, as UTIs estão perto do colapso, apesar do esforço do governo em ampliar a oferta de equipamentos. Mais de 92{9028a083913d3589f23731fda815f82dd580307fd08b763e2905f04954bd625c} já estão ocupadas.
As recomendações foram feitas em documento por quatro órgãos de controle do Estado e da União. Entre eles, estão: Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público do Estado (MP-AM), Defensoria Pública da União (DPU) e Defensoria Pública do Estado (DPE).
O texto segue agora pela manhã para avaliação do Comitê do Governo do Estado de Enfrentamento à Covid-19.
Reação
Os órgãos estão assustados com o avanço da Covid-19, fato que obrigou o governador a restringir o funcionamento do comércio no dia último 23.
Mas a medida foi fortemente atacada por comerciantes e prestadores de serviço que realizaram protestos para obterem a aberturas das atividades.
De lá para cá, no entanto, os números de infecção e principalmente só fizeram disparar.
Após receber o documento, já nesta madrugada, o governador comentou:
“Diante do aumento dos casos que tivemos nas últimas 48 horas, os órgãos de controle elaboraram uma nota conjunta e me entregaram juntamente com a minha equipe de saúde. Nós vamos avaliar todas as recomendações, para entender que caminhos a gente pode seguir. Mas levamos em consideração que precisamos garantir a assistência, ampliar a nossa rede, o que nós estamos fazendo, e encontrar um equilíbrio entre as atividades econômicas. Mas não há outro caminho e a ciência não nos aponta outro caminho a não ser evitar aglomerações. Então estamos estudando nas próximas horas que medidas vamos tomar para poder conter o aumento que nós estamos tendo de Covid-19 no estado”, declarou o governador Wilson Lima.
Necessidade
Já a procuradora de Justiça Silvana Nobre enfatizou que a decisão foi feita com base na análise do cenário epidemiológico da Covid-19 no Amazonas.
“Os órgãos de controle observaram a necessitada, a partir da mudança de realidade que se deu até o dia 29. A rede está passando por um sufocamento e a única medida mais efetiva para fazer esse controle é a restrição social ser implementada de uma forma mais abrangente”, disse.
O procurador do Trabalho Jorsinei Dourado do Nascimento defendeu que o Governo do Estado precisa aumentar as medidas de restrições junto à população.
“A recomendação é para aumentar as restrições em razão do aumento dos casos. Então nós fizemos isso justamente porque, até com base no próprio plano de contingência do Estado do Amazonas, nós estaríamos na fase vermelha, que é a fase quatro, e exigiria a criação de mais leitos por conta da demanda que o sistema de saúde está exigindo por conta do aumento no estado. Existem muitos pacientes que estão precisando entrar no sistema de saúde pública, e por isso há necessidade de criação de novas leitos, mas também para que isso não fique interminável, porque existe uma capacidade máxima de atendimento, até por conta dos insumos, o estado precisa adotar medidas também em relação à população e a maior política, aí nesse caso, é isolamento e a restrição”, declarou o procurador.
Saúde em primeiro lugar
Jorsinei Dourado ainda pontuou que todas as recomendações foram feitas com base nas informações e dados fornecidos pelo Governo Estadual.
“Toda essa recomendação que nós fizemos é baseada em dados que foram disponibilizados pelo próprio Governo do Estado, e a intenção é realmente deixar mais claro e chamar atenção quem sabe nesse bom sentido de que o estado possa revisar os seus atos e tentar conciliar os interesses, porque existe o problema da saúde e do fechamento das atividades econômicas, então é possível buscar uma conciliação, mas colocando em primeiro lugar a questão da saúde pública, as questões sanitárias”, explicou.
Decreto
No última sábado, dia, o governador esteve reunido com representantes dos órgãos de controle e do setor de comércio e serviços em uma série de reuniões no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) para discutir estratégias de retorno flexíveis das atividades comerciais não essenciais nesse momento de recrudescimento da Covid-19 no estado.
Pelo decreto nº 43.236 publicado pelo Governo do Estado no dia 28 de dezembro, a autorização para o funcionamento dos estabelecimentos poderia ser revista, a qualquer tempo, com base nos indicadores técnicos relativos ao tema, tais como a disponibilidade de leitos de UTI e clínicos, taxa de transmissão, ocorrência de novos casos e demais dados da epidemia.
Medidas
O Governo do Amazonas tem feito a sua parte. Desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, ampliou o número de leitos em mais 200{9028a083913d3589f23731fda815f82dd580307fd08b763e2905f04954bd625c} na rede estadual de saúde. Tem posto em prática seu Plano de Contingência, que atualmente está na sua quarta fase, incluindo a mudança do perfil das unidades, afim de atender prioritariamente os pacientes acometidos pela Covid-19, além de buscar parcerias com instituições como Beneficente Portuguesa e Hospital Getúlio Vargas (HUGV) para ampliação da oferta de leitos.
O estado também tem recebido atenção especial do Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, com o envio de equipamentos e insumos para montagens de mais leitos no estado.