Presidente dos EUA cita julgamento de Bolsonaro no STF e acusa Brasil de violar liberdade de expressão
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras, com início previsto para 1º de agosto. A decisão foi acompanhada de uma carta oficial enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual Trump justifica a medida com base em críticas à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No documento, Trump classificou o julgamento de Bolsonaro como “uma vergonha internacional” e reiterou que a condenação é, segundo ele, uma “caça às bruxas” que deveria ser encerrada imediatamente.
Censura e liberdade de expressão
Em tom agressivo, Trump afirmou que a nova tarifa decorre também de “ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres” e de uma suposta violação da liberdade de expressão de empresas norte-americanas. Segundo ele, o STF teria emitido “centenas de ordens de censura secretas e ilegais” contra plataformas de redes sociais dos Estados Unidos, ameaçando essas empresas com sanções milionárias e até expulsão do mercado brasileiro.
“A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações, separada das tarifas setoriais já existentes”, escreveu o republicano.
Embora o impacto setorial ainda não tenha sido detalhado, produtos como aço e alumínio — que já enfrentam tarifas elevadas — devem ser fortemente afetados, com efeitos imediatos sobre a siderurgia brasileira.
Críticas à política comercial brasileira
Além das menções ao STF, Trump criticou o que considera uma relação comercial “injusta” com o Brasil, citando tarifas e barreiras não tarifárias que, segundo ele, prejudicam os Estados Unidos. Ele afirma que a medida busca corrigir um déficit comercial “insustentável” e que representa ameaça à segurança nacional americana.
“Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco”, declarou o presidente dos EUA. “Essas tarifas são necessárias para corrigir anos de desequilíbrio.”
Trump também sugeriu que as tarifas poderiam ser revistas — para cima ou para baixo — dependendo da disposição do Brasil em abrir seu mercado e reduzir barreiras comerciais. O presidente americano afirmou ainda que empresas brasileiras que optarem por fabricar dentro dos EUA poderão escapar da taxação.
Investigação e nova ofensiva comercial
No mesmo comunicado, Trump informou ter determinado ao representante de comércio dos EUA, Jamieson Greer, a abertura imediata de uma investigação formal contra o Brasil com base na Seção 301 do Código de Comércio norte-americano — um dispositivo que permite a imposição de sanções comerciais em resposta a práticas consideradas desleais.
Segundo Trump, a medida responde a ataques brasileiros contra empresas digitais dos EUA, além de outras práticas “inaceitáveis” do ponto de vista comercial.
Escalada diplomática
A carta, que intensifica as tensões entre os dois países, foi divulgada apenas um dia após o Itamaraty convocar o chefe da embaixada dos EUA no Brasil para dar explicações sobre declarações anteriores de Trump e da representação diplomática americana em apoio a Bolsonaro.


Trump, por sua vez, reforça a retórica de que o Brasil persegue politicamente o ex-presidente e ameaça retaliar qualquer aumento de tarifas adotado por Lula, prometendo somá-lo ao novo imposto de 50%.
- Itamaraty reage a declarações de Trump e convoca chefe da embaixada por apoio a Bolsonaro
- Brasil e China formalizam desenvolvimento do satélite CBERS-5 durante Cúpula do BRICS
- Lula reage a Trump e diz que Brasil não aceita “interferência de quem quer que seja”
- Trump monitorou cúpula do Brics no Brasil e ameaça com novas tarifas, diz Casa Branca
- “Brutal interferência”, diz líder do PT após Trump defender Bolsonaro
- Trump ameaça sobretaxa de 10% a países alinhados ao Brics e fixa prazo para nova rodada de tarifas