União Brasil, MDB e PSDB discutem candidatura única à presidência

Ideia é buscar um nome consensual entre os partidos caso ideia de federação fracasse, segundo Luciano Bivar

O presidente do União Brasil, Luciano Bivar, afirmou nesta segunda-feira que pretende discutir com os dirigentes do MDB e PSDB a possibilidade de acordo por uma candidatura que represente os três partidos na eleição presidencial. O encontro entre as siglas está previsto para amanhã.

A ideia é uma alternativa à federação partidária, que será o tema principal da conversa, mas é vista nos bastidores como difícil de prosperar por forçar as legendas a continuarem juntas pelos próximos quatro anos.

— Amanhã vamos estar juntos, os três partidos, e vamos discutir uma federação. Não sendo possível a federação, vamos fazer um pacto de caminhar os três juntos para definir em um futuro próximo uma candidatura única — disse Bivar, ao GLOBO.

Atualmente, o MDB lançou a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS) à presidência, enquanto o PSDB pretende lançar o nome do governador João Doria (São Paulo).

Bivar não descartou que o União Brasil também tenha uma opção de candidato, mas evitou falar em nomes específicos. “Temos muitos quadros no União, não falta gente boa”, limitou-se a dizer.

No MDB, há resistência para fazer uma aliança com o PSDB, tanto para uma eventual federação quanto por um possível apoio ao governador de São Paulo.

O argumento é que Doria possui índice de rejeição alto não só em pesquisas de intenção de voto, mas também dentro do partido. Por ser menos conhecida pela população, Tebet é apresentada pelo seu partido como alguém com mais chances de prosperar.

Recentemente, o senador José Aníbal (PSDB-SP) defendeu o nome de Tebet, em entrevista ao GLOBO, como o mais viável para quebrar a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Outra figura histórica do PSDB que defende o nome de Tebet é o senador Tasso Jereissati (CE).

Os dois tucanos manifestaram entusiasmo pela candidatura durante visita ao ex-presidente Michel Temer, em janeiro.

A postura de Doria também incomoda emedebistas. Um dos fatores de incômodo foi o fato de a enfermeira Mônica Calazans, que iria se filiar ao MDB, ter optado pelo PSDB por interferência de Doria, conforme revelou a coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo.

Apesar do episódio ter sido visto como algo menor, uma ala do partido considera que ele expõe o perfil do governador de São Paulo e as dificuldades no relacionamento. Considerando esse cenário, um acordo com o MDB só seria viável atualmente caso Doria abrisse mão da candidatura.

No União Brasil, algumas lideranças consideram mais cômodo apoiar o nome de Tebet, que é vista como uma opção “neutra” na disputa. Ainda assim, muitos temem que a candidatura pode não vingar.

Até mesmo integrantes do MDB admitem que ela só continuará na corrida presidencial se conseguir chegar a pelo menos 5% nas pesquisas de intenção de voto. Atualmente, ela tem 1%.