Vaza Jato: Moro pediu manifestação do MPF e orientou contra delação de Cunha

Ministro Sérgio Moro durante depoimento na CCJ do Senado, onde foi convidado a dar explicações sobre ter agido com parcialidade nos julgamentos da Lava Jato e sobre os vazamentos do Intercept. Foto: Sérgio Lima/PODER 360

A revista Veja divulgou nesta 6ª feira (5.jul.2019) uma nova leva de diálogos da chamada Vaza Jato.

Pela nova série de conversas, Moro teria pedido à acusação da Lava Jato que incluísse provas nos processos que chegariam depois às suas mãos, mandado acelerar e retardar operações e feito pressão para que determinadas delações não fossem realizadas.

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A apuração foi feita em parceria com o site The Intercept, que obteve acesso ao arquivo vazado por uma fonte mantida em sigilo. Nos chats realizados pelo aplicativo de mensagens Telegram, Moro revisou peças, combinou datas e até deu bronca nos procuradores.

ODEBRECHT

Em 2 de fevereiro de 2016, período em que houve questionamento da Odebrecht à Justiça da Suíça pela falta de compartilhamento de dados e extratos bancários da empresa, Moro escreveu a Dallagnol (assim como na reportagem original, os diálogos foram transcritos exatamente como estavam no arquivo, sem correções de erros gramaticais):

“A odebrecht peticionou com aquela questao. Vou abrir prazo de tres dias para vcs se manifestarem”. Dallagnol agradeceu pelo aviso. Um dia depois, Moro voltou a questionar: “Quando sera a manifestação do mpf?”.

O procurador da Lava-Jato respondeu: “Estou redigindo, mas quero fazer bem feita, para já subsidiar os HCs [habeas corpus] que virão. Imagino que amanhã, no fim da tarde”. No dia seguinte, envia uma nova mensagem: “Protocolamos amanha, salvo se for importante que seja hoje. Posso mandar, se preferir, versão atual por aqui, para facilitar preparo de decisão”.

Moro diz “pode ser amanha”, e recebe em 5 de fevereiro, pelo próprio Telegram, a peça ainda não finalizada.

Segundo a reportagem, a situação é completamente irregular. A comunicação entre juiz e procurador deveria ter sido feita de forma transparente, pelos autos dos processos, ao invés do uso do aplicativo.

BUMLAI

Uma das conversas, de 17 de dezembro de 2015, mostra Moro pedindo a Dallagnol uma manifestação do Ministério Público Federal sobre o pedido de revogação da prisão preventiva de José Carlos Bumlai, empresário e amigo do ex-presidente Lula, até as 12h do dia seguinte.

Dallagnol respondeu pouco mais de 3 minutos depois que o pedido será realizado. O procurador enviou ainda ao juiz exemplos de decisões de outros magistrados caso ele precisa-se “prender alguém”. Eis abaixo:

17 de dezembro de 2015 – conversa entre Dallagnol e Moro

Moro – 11:33:20 – Preciso manifestação mpf no pedido de revigacao da preventiva do bmlai ate amanhã meio dia.

Dallagnol – 11:37:00 – Ok, será feito. Seguem algumas decisões boas para mencionar quando precisar prender alguém…

OUTRO LADO

Segundo a revista Veja, Dalla­gnol e Moro não quiseram receber a reportagem, alegando compromissos de agenda. O Ministério da Justiça enviou a seguinte nota:

“A revista Veja se recusou a enviar previamente as informações publicadas na reportagem, não sendo possível manifestação a respeito do assunto tratado. Mesmo assim, cabe ressaltar que o ministro da Justiça e Segurança Pública não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas por meios criminosos, que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente e que configuram violação da privacidade de agentes da lei com o objetivo de anular condenações criminais e impedir novas investigações. Reitera-­se que o ministro sempre pautou sua atuação pela legalidade”.