Manaus – AM: Vereador eleito para quatro mandados consecutivos em eleição democrática e com urnas eletrônicas, Marcel Alexandre (Avante) defende a realização de novos eleições, apenas para presidente da República, em seu perfil no Instagram.
Evangélico e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições, Marcel Alexandre compartilha notícias de fontes duvidosas sobre o resultado do pleito e questiona se o eleitor voltaria às urnas para uma nova eleição.
Em publicação na quarta-feira (22), a partir da declaração do ministro Ricardo Lewandowski sobre a confiabilidade das urnas e a ação do PL contestando o resultado somente do segundo turno, Marcel provocou: “Agora eu quero saber de você, e se houverem (sic) novas eleições, você vota de novo? Vamos voltar as urnas?”
A frase de Lewandowsi – “se confirmada a tese do PL, teria que anular toda a eleição” -, foi um comentário irônico sobre a ação do PL que pede a anulação de cerca de 270 mil urnas usadas nas eleições deste ano, mas apenas no segundo turno. As mesmas urnas foram usadas também no primeiro.
Nos comentários, os seguidores repetem teses sobre fraudes sem fundamento e defendem a prisão de membros do TSE. “O problema não é votar de novo, mas sim os ministros do TSE não vão presos? Não é conspiração contra a nação brasileira?”, respondeu um seguidor.
Seguidora de Marcel escreveu “desde que agora seja feito tudo certo e que não haja petralhada por parte de esquerdistas, pois eles infelizmente são capazes de tudo novamente”.
Um dos poucos comentários contrário à ideia defendida por Marcel questiona: “Só que o PL não apresentou provas de inconsistência do 1° Turno”.

Na quinta-feira (24), ao publicar notícia da multa aplicada pelo presidente do TSE ao PL em razão da fragilidade jurídica do pedido, Marcel indagou: “Você acha que o valor da multa ser “22” milhões foi só coincidência?” Em outra publicação, Marcel postou foto do presidente eleito Lula acompanhada do termo ‘deseleito’ e com a legenda “tic, tac, tic, tac”.
Vídeo com mentiras
O vereador também publicou um vídeo intitulado “A transparência de um tumulto” com informações falsas. Na postagem, o jornalista Paulo Echebarria diz que o voto do segundo turno é contestável porque não é possível checar se foi dado realmente ao candidato escolhido. “No passado, quando a dúvida pairava, se pedia recontagem. Mas com o atual sistema eleitoral, o brasileiro não ficou sequer com o direito a um pequeno recibo com o nome do candidato que votou”.
Nas eleições brasileiras, nunca houve momento em que o eleitor teve em mãos comprovante com o nome do candidato que votou. Para o jornalista, a não existência desse recibo, nunca adotado na história política brasileira, “tem enlouquecido a maioria dos brasileiros”. A tese é a do voto impresso, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e derrubada pelo Congresso Nacional.
Esse mesmo sistema eleitoral contestado no vídeo publicado por Marcel foi o que elegeu Bolsonaro em 2018, no segundo turno, contra Fernando Haddad (PT).

O jornalista afirma ainda que o presidente Jair Bolsonaro perdeu a eleição no Nordeste em razão da não exibição de 154 mil inserções de propaganda eleitoral no rádio e na TV, notícia já apurada e classificada como fake news pelo TSE. “Quem sabe se ele tivesse tido as inserções corretas, o número de eleitores não teria sido maior?”, reforça o apresentador no vídeo.
Desempenho do PL
O partido do presidente Jair Bolsonaro cresceu em número de eleitos. Das 27 vagas disputadas para o Senado Federal, o PL elegeu 8, equivalente a 29,63%. Com os novos senadores eleitores, a sigla passará a ter, também, a maior representação no Senado com 15 das 81 cadeiras. O partido elegeu também a maior bancada para a Câmara Federal: 99 deputados.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, contestou o resultado do segundo turno sem apresentar provas de falhas nas urnas. A ação pede a anulação do resultado de urnas fabricadas antes de 2020. Pela tese do PL, as “urnas válidas” daria a vitória a Bolsonaro no segundo turno, com 51% dos votos. Entretanto, o partido não contesta o uso das mesmas urnas no primeiro turno, quando elegeu 99 deputados e 8 senadores.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, rejeitou a ação e multou o PL em R$ 22,9 milhões por litigância de má-fé.
Trajetória política
“Apóstolo” do MIR (Ministério Internacional da Restauração), Marcel Alexandre foi eleito pela primeira vez para a legislatura 2009 a 2012. Depois venceu outras três eleições para vereador.
No pleito de 2008, Marcel Alexandre, então no PMDB, teve o quarto melhor desempenho entre os 38 vereadores eleitos, com 11.061 votos. A partir de 2013 a Câmara de Manaus passou a ter 41 vereadores. Ainda pelo PMDB, Marcel foi reeleito com 8.354 votos, na 11ª colocação.
Conquistou o terceiro mandato na eleição de 2016, com 9.556 votos, em 6º lugar geral, pelo MDB. O mandato atual foi obtido em 2020, com 5.832 votos, 12º melhor desempenho. Marcel foi eleito pelo Podemos. Atualmente é filiado ao Avante.