Vereadores, deputados estaduais e federais criticam gestão da Seduc

Criticada por professores, pais e estudantes, a gestão da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) também é alvo das críticas de parlamentares municipais, estaduais e federais.

Para vereadores e deputados, a situação beira o abandono. Nas escolas, os problemas vão desde a falta de merenda até a carência de professores.

O deputado estadual José Ricardo (PT) diz não entender, por exemplo, como pode faltar merenda nas escolas.

“O Estado recebe recursos federais para a merenda. Há recurso para isso”, afirmou, questionando também a qualidade do que é servido aos estudantes.

“Tenho representação no Ministério Público (do Estado) questionando o não cumprimento do cardápio que atenda a composição nutricional suficiente.

Aí você tem essas coisas esdrúxulas, como suco disso e daquilo”, disse.

O parlamentar se referiu ao suco da folha de jambo servido a alunos da Escola Estadual Marechal Hermes (clique para ler a matéria), localizada no bairro Lírio do Vale 1, Zona Oeste de Manaus.

A deputada federal Conceição Sampaio (PP) tratou a falta de merenda como “um abuso”. “É uma falta de comprometimento com a educação no Estado de modo geral”, afirmou, dizendo que não foi acionada pela Seduc, mas se põe à disposição para contribuir.

“Quem não pode sofrer as consequências da omissão são os alunos. Me coloco, como deputada, à disposição (da Seduc) para buscar meios de resolver o problema”, disse.

Para o vereador de Manaus pelo PMN, Chico Preto, o problema é de gestão. “Quando não se elegem as prioridades, aquilo que é prioridade vai gritar em algum momento. O que é prioridade? Merenda, professores, cumprimento do reajuste dos professores”, disse.

Desperdício de dinheiro

O vereador Plínio Valério (PSDB), da Câmara Municipal de Manaus (CMM) destacou o desperdício de dinheiro na área da educação estadual, que tem um dos maiores orçamentos entre as secretarias do Estado, rivalizando com a Secretaria de Estado da Saúde (Susam).

“Não é a falta de dinheiro o problema. Falta compromisso de quem governa”, afirmou.

O parlamentar também foi duro ao criticar a falta de merenda na rede pública de ensino. “Deixar faltar merenda deveria ser crime. Se falta até merenda, o resto deve estar um caos”, disse Plínio, que considera a educação um reflexo dos administradores.

Na avaliação do vereador Chico Preto, é preciso rever contratos precisam ser revistos. “Não é difícil perceber que há contratos que são menos prioritários. O dinheiro não vai surgir assim (do nada), vai ter que ser remanejado”, afirmou.

O deputado estadual Serafim Correa (PSB) disse que somente do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), a Seduc recebeu R$ 1,8 bilhão no ano passado. Para este ano, o valor deve ser 30{9028a083913d3589f23731fda815f82dd580307fd08b763e2905f04954bd625c} maior. “Falta de dinheiro, não é”, disse.

Uso político da Seduc

Na avaliação dos parlamentares, um dos graves problemas na Seduc é a interferência político/partidária na secretaria, como a indicação de diretores de escolas por apadrinhados políticos, na avaliação do vereador Chico Preto (PMN).

“Isso vai desgastando a credibilidade. A educação precisa ser o foco das secretarias de educação, mas o que a gente vê é que o processo político faz parte da preocupação da Seduc e da Semed (Secretaria Municipal de Educação)”, afirmou.

Serafim Correa disse haver uma estrutura montada na Seduc, há muitos anos, voltada para funcionar como um comitê eleitoral. “Isso não é de hoje. É histórico, eu me diria”.

O deputado estadual José Ricardo afirmou não dá para gestores serem escolhidos apenas por apadrinhamentos políticos. “O critério (hoje) é ser amigo de deputado, de prefeito, de secretário ou ter trabalhado em campanha política”, explicou.

Falta de merenda nas escolas da Seduc será investigada por Conselho

Má gerência das reformas

O deputado José Ricardo, que deve ser candidato a deputado federal nas eleições deste ano, criticou também a falta de reparos periódicos nas unidades de ensino do Estado, para evitar que haja necessidade de grandes paralisações.

“Mas a reforma é a alegria das empreiteiras”, apontou.

Para o vereador Plínio Valério, que é autor de uma lei que proíbe o município de Manaus reformar escolas em período letivo, este é outro problema sério.