SÃO PAULO, 22 JUN (ANSA) – Durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta terça-feira (22), o ex-ministro da Cidadania e deputado federal Osmar Terra negou a existência de um gabinete paralelo para aconselhar o presidente Jair Bolsonaro na gestão da pandemia.
A comissão tenta descobrir se Terra, que é médico, integrou um grupo paralelo ao Ministério da Saúde para fazer sugestões ineficazes e contrárias à ciência ao presidente.
O deputado sempre foi considerado um conselheiro de Bolsonaro, participando, inclusive, de diversas reuniões sobre as medidas para evitar a propagação da doença.
“Essa relação que tenho com o presidente é de amizade, assim como ele tem com muitos outros deputados. Quando, de vez em quando, o presidente me pergunta alguma coisa, eu falo”, explicou Terra.
O deputado federal ainda afirmou que não lembra a data exata que conversou com Bolsonaro pela primeira vez sobre a emergência sanitária provocada pelo novo coronavírus Sars-CoV-2.
“Conversei muitas vezes com o presidente sobre muitos assuntos.
A primeira, exatamente o dia, não me lembro, mas provavelmente foi no início de fevereiro”, disse.
Terra foi questionado sobre a frequência dos encontros e explicou que eles eram realizados “uma vez por mês, uma vez a cada 15 dias em alguns momentos”. “São encontros esporádicos que um deputado pode ter e tem a obrigação de ter”, acrescentou.
Além disso, ele alegou que Bolsonaro escuta todas as pessoas e sempre defendeu a vacina anti-Covid. “Sempre que tive a oportunidade de falar com o presidente, eu defendi a vacina.
Quando ele assina a MP de R$ 20 bilhões para a compra de vacinas, ele me dá a caneta de tanto que falei de vacina”, enfatizou.
“Eu sou uma pessoa que tem opinião e, como deputado, eu tenho obrigação de dar opinião. Se não nem justifica eu ser político, ter mandato. Eu sou obrigado a falar”, defendeu.
Em sua fala, Terra argumentou que suas previsões “otimistas” forma baseadas no surto da Covid na China e em conhecimentos das pandemias anteriores, disse que não é negacionista e defende imunizantes.
O ex-ministro ainda ressaltou que não tem o poder de determinar quais serão as declarações de Bolsonaro sobre a pandemia.
Empresa investigada – A defesa do sócio-administrador da Precisa Medicamentos, Francisco Emerson Maximiano, alegou que o empresário está em quarentena por conta de uma viagem a Índia e por isso não vai poder comparecer para seu depoimento à CPI da Covid, previsto para esta quarta-feira (23). (ANSA)