Em meio a pressões do Congresso e desgaste político, Planalto acelera pagamentos e bate recorde de liberação de emendas em 2024
O governo federal desembolsou R$ 474 milhões em emendas parlamentares em apenas um dia — sexta-feira (27). O montante representa o maior volume pago em um único dia neste ano, superando o recorde anterior de R$ 403 milhões registrado em 23 de junho, segundo dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), vinculado ao Ministério do Planejamento.
O senador Davi Alcolumbre (União-AP) foi o campeão em valores recebidos: R$ 20,5 milhões, que devem ser destinados a ações na área da saúde no estado do Amapá. A liderança do ex-presidente do Senado chama atenção principalmente após os atritos com o Planalto na semana passada, quando Alcolumbre votou pela derrubada de decretos do presidente Lula sobre o IOF.
Apesar das tensões políticas, a liberação das emendas — todas individuais — representa uma tentativa do governo de amenizar o desgaste com o Congresso, que tem feito duras críticas ao atraso na execução do orçamento impositivo.
💸 Valores pagos e empenhados
O pagamento de sexta-feira contemplou 149 emendas parlamentares individuais — sendo R$ 343 milhões para deputados federais e R$ 131 milhões para senadores. Até agora, o governo já empenhou mais de R$ 3,1 bilhões (valores reservados), mas o total efetivamente pago é menor: cerca de R$ 940 milhões.
Entre os maiores beneficiados:
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Eduardo Braga (MDB-AM) – R$ 9 milhões na sexta, e R$ 24,5 milhões no acumulado do ano, sendo o parlamentar com mais recursos pagos até agora.
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Styvenson Valentim (PSDB-RN) – R$ 7 milhões
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Renan Calheiros (MDB-AL) – R$ 6,5 milhões
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Plínio Valério (PSDB-AM) – R$ 5 milhões
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Sérgio Brito (PSD-BA) – R$ 5,5 milhões
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Paulão (PT-AL) – R$ 5,1 milhões
As três maiores emendas pagas até o momento — de Braga, Alcolumbre e do senador Angelo Coronel (PSD-BA) — são voltadas ao custeio da atenção primária à saúde em seus respectivos estados.
🧾 Emendas empenhadas
Na última semana de junho, o governo empenhou R$ 3,13 bilhões, com destaque para a sexta-feira (27), que sozinha respondeu por R$ 803 milhões — R$ 594 milhões para deputados e R$ 203 milhões para senadores.
O avanço acelerado na liberação ocorre após semanas de pressão do Congresso, com parlamentares cobrando o cumprimento do orçamento aprovado para 2025, estimado em mais de R$ 50 bilhões em emendas. Até agora, o Executivo liberou apenas 2% dos valores aprovados.
⚖️ Tensão política e STF
A insatisfação crescente de congressistas com o ritmo lento de pagamentos tem sido apontada como um dos motivos para as derrotas do Planalto no Legislativo nas últimas semanas. Para justificar a lentidão, o governo argumenta que:
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O Orçamento de 2025 foi aprovado com atraso, apenas no fim de março.
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O Supremo Tribunal Federal alterou as regras de execução e transparência das emendas, o que também impactou o cronograma.
Além disso, nenhuma emenda de comissão foi empenhada até agora — um tipo de emenda que está sob forte questionamento jurídico por suspeitas de uso político pouco transparente, após decisão do STF no ano passado.
