Jornal do Brasil
Divergências entre os grupos liderados pelo ex-presidenciável e atual senador pelo Ceará se arrastam desde o ano passado e giram em torno do apoio – ou não – ao PT
Por Gabriel Mansu
Os ânimos se esquentaram entre os irmãos Ciro e Cid Gomes, nesta sexta-feira (28), durante encontro do PDT no Rio de Janeiro. Afiliados que participaram da reunião relataram que, em dado momento do evento, os dois filhos de Maria José Santos Ferreira Gomes se levantaram de suas respectivas cadeiras e iniciaram uma discussão descrita como, no mínimo, acalorada, com direito a gritos e dedo no rosto.
O evento, que reuniu os presidentes das seções estaduais no primeiro andar da sede do PDT, no Centro do Rio, foi quase todo dominado por alas simpáticas a Ciro e Cid. A confusão, ainda de acordo com testemunhas, chegou ao clímax quando alguns aliados de cada um dos irmãos tomaram partido na briga. Nesse momento, instigados pelos gritos alheios, que era possível ouvir do térreo, o ex-presidenciável e o atual senador pelo Ceará por pouco não chegaram às vias de fato.
Antes da reunião, os irmãos almoçaram em locais distintos com seus respectivos grupos, também no Centro do Rio. Embora tenham chegado ao local quase no mesmo momento, Ciro e Cid sequer se cumprimentaram.
“Não há perspectiva de resolução, as duas alas têm argumentos muito fortes e ainda não conseguimos conciliar os interesses”, disse o deputado federal Mário Heringer, que recebeu integrantes do partido para um jantar em sua casa a fim de “acalmar os ânimos”.
Atrito na Executiva do Ceará
O encontro na capital fluminense teve lugar após uma disputa intensa entre o presidente nacional do partido, o deputado André Figueiredo, e o senador Cid Gomes. Com a aprovação de Ciro, Figueiredo destituiu a Executiva do Ceará, mas essa decisão foi temporariamente revertida por meio de uma liminar.
Após a restauração da direção estadual, Cid convocou novas eleições locais e foi eleito presidente estadual. Porém, horas mais tarde, devido a outro desdobramento judicial, o grupo liderado por Ciro o retirou do cargo, e o controle do partido no Ceará voltou às mãos de Figueiredo.
As divergências entre os grupos liderados pelos irmãos vêm se arrastando desde o ano passado e giram em torno do apoio – ou não – ao PT. Assim como ocorreu no segundo turno das eleições, a ala de Cid defende a retomada da aliança com o PT e o apoio ao governador Elmano de Freitas, enquanto os aliados de Ciro preferem que o partido permaneça na oposição.
As eleições municipais em Fortaleza no próximo ano também representam um ponto de desacordo em relação à possibilidade de reunir-se novamente com o PT, com o qual o PDT esteve aliado por mais de duas décadas, ou lançar uma chapa composta apenas por membros do PDT.
O atual prefeito, José Sarto, é filiado ao PDT, mas não conta com o apoio do grupo de Cid, que recentemente permitiu que o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), o deputado estadual Evandro Leitão (PDT-CE), se desfiliasse do partido e concorresse contra seu correligionário.