Crise do IOF : Motta atropela o Planalto e põe governo na defensiva

O presidente da Camara dos Deputados, Hugo Motta, em sessão legislativa em junho - Pedro Ladeira - 16.jun.25/Folhapress

Sem avisar ninguém no Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), incluiu de última hora na pauta desta quarta-feira (25) o projeto de decreto legislativo (PDL) que derruba o novo decreto do IOF. Assim que a notícia apareceu no X (ex-Twitter) na noite de terça, ministros e líderes governistas perceberam que viriam turbulências.

Como a bomba estourou

Logo cedo, a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) convocou reunião de emergência. Ela queria saber, antes de mais nada, por que Motta mudara de posição sem qualquer aviso. Além disso, pretendia mapear o tamanho da rebelião na base.

Pedido de diálogo ignorado

Três líderes aliados ligaram para Motta solicitando encontro presencial antes da sessão virtual. O paraibano respondeu que não haveria tempo — e manteve a votação. Na avaliação dele, o Planalto vem tratando o Congresso como “gastador” e, portanto, merece um “freio de arrumação”.

Números contra o governo

A urgência já aprovada reuniu 346 votos. Portanto, o Planalto admite que não tem força para segurar o PDL se ele for à votação. Como consequência, o decreto do IOF cai e o governo perde uma fonte de arrecadação.

Estratégia do Executivo

Para reverter o quadro, o ministro Fernando Haddad decidiu adotar um discurso direto — segundo ele, o decreto “corrige injustiça” e mira somente grandes fortunas que usam brechas para fugir de impostos. Desse modo, o Planalto tenta colar na Câmara a imagem de quem “protege privilegiados”.

Sinais que Motta emite
  • Alinhamento com a oposição – Ele escolheu Coronel Chrisóstomo (PL-RO) como relator.

  • Cobrança da base – Deputados exigem mais emendas e respeito a acordos; Motta ecoa esse descontentamento.

  • Pauta alterada sem aviso – Muitos parlamentares viajaram para festas juninas e agora reclamam de votação remota sobre tema tão sensível.

MDB embarca na pressão

O líder Isnaldo Bulhões Jr. (AL) apoiou publicamente a decisão de Motta. Além disso, lembrou que, na mesma sessão, deve ser apreciada a MP 1.291, que libera leilões de óleo e gás e pode render R$ 20 bi ainda este ano.

O que bem a seguir?
  1. Se o PDL passar, Lula perde receita estimada em bilhões.

  2. A base tentará obstruir ou, pelo menos, adiar o placar final.

  3. Motta mede forças, enquanto a oposição coleciona munição política para 2026.

Em resumo, o embate sobre o IOF virou mais uma prova de fogo na já frágil relação entre Executivo e Legislativo. Cada movimento agora carrega efeitos fiscais imediatos — e repercussões eleitorais de longo prazo.