Manaus (AM) — A Polícia Federal (PF) confirmou o indiciamento dos empresários César de Jesus Glória Albuquerque, Erick Pinto Saraiva e Vagner Santos Moitinho pelo crime de lavagem de dinheiro, cuja pena pode chegar a 10 anos de prisão.
Eles foram presos em flagrante nesta terça-feira (20/05), no Aeroporto Internacional de Brasília, após serem pegos transportando mais de R$ 1,2 milhão em dinheiro vivo, ocultado em malas de viagem.
Segundo a PF, os empresários embarcaram no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, com destino a Brasília, no voo Latam 3747. Durante inspeção de rotina, agentes identificaram três malas carregadas com grande volume de dinheiro, levantando imediatamente suspeitas.
Contradições e indícios de lavagem de dinheiro
Ao serem abordados, os três confessaram transportar os valores, mas não souberam explicar, de forma coerente, a origem ou o destino dos recursos. Alegaram que o dinheiro seria utilizado para adquirir insumos e quitar dívidas em Goiás, mas não apresentaram comprovações nem indicaram fornecedores ou credores específicos.

Além disso, a PF apurou que os empresários já haviam comprado passagens para retornar a Manaus na mesma noite, pelo voo Latam 3750, o que reforça a suspeita de movimentação financeira ilícita.
Investigações preliminares revelam que os indiciados mantêm fortes vínculos com empresas que possuem capacidade econômica incompatível com o capital social declarado. Segundo os agentes, esse é mais um indício claro de lavagem de dinheiro.
Suspeita de desvio de recursos públicos de Coari
O foco agora recai sobre a origem dos recursos. A PF trabalha com a hipótese de que o montante apreendido seja proveniente de desvios de recursos públicos do município de Coari, cidade estratégica do Amazonas e uma das principais receptoras de royalties da exploração de petróleo e gás na região.
Os três empresários mantêm contratos milionários com a Prefeitura de Coari, administrada por Adail Filho, filho do ex-prefeito e político influente Adail Pinheiro.
Um dos contratos que mais chama atenção é da empresa Comercial CJ – Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. (CNPJ: 31.158.755/0001-42), sediada em Presidente Figueiredo e de propriedade de César de Jesus Glória Albuquerque. Sozinho, ele faturou mais de R$ 2,5 milhões para fornecer bolsas, bonés, tecidos e outros itens à prefeitura.
Coari: cidade rica, contratos suspeitos
Com uma das maiores arrecadações do Amazonas, impulsionada pelos royalties do petróleo, Coari movimenta cifras milionárias anualmente. Por isso, o município é frequentemente alvo de investigações por suspeitas de corrupção, superfaturamento e contratos direcionados.
Este caso reforça os indícios de um esquema estruturado de lavagem de dinheiro envolvendo empresários próximos da gestão de Adail Pinheiro, político com histórico controverso na política amazonense.
A PF segue aprofundando as investigações para rastrear a real origem do dinheiro, identificar possíveis agentes públicos envolvidos e apurar se há outros contratos superfaturados ou com indícios de irregularidades.