Por JG
O PSDB, aquele partido que um dia foi sinônimo de protagonismo nacional, agora busca no marketing o que perdeu na política: relevância. Com a contratação do marqueteiro Marcelo Vitorino, a legenda tenta reanimar um corpo que respira por aparelhos — herança direta de uma sucessão de equívocos, vaidades e apagões ideológicos.
A ironia é inevitável. O partido que já teve Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Aécio Neves em disputas presidenciais agora comemora como feito estratégico o rebranding de seu mascote, o tucano, em post de Instagram. “PSDB. Radical no que importa”, escreveu Vitorino, como se um slogan de curso de coaching fosse capaz de curar décadas de desgaste político.
O marketing político, claro, tem seu valor. Mas não há estratégia de imagem que salve uma sigla em frangalhos, sem liderança nacional consolidada, sem projeto claro, e — o pior — sem coragem de se posicionar com firmeza. Em 2022, o PSDB abriu mão de disputar a Presidência e pagou caro por isso. Virou coadjuvante. Um partido que não se apresenta ao eleitor para valer não pode reclamar da irrelevância que lhe foi atribuída.
A recente tentativa de fusão com o Podemos é outro retrato da crise. Aprovada com estardalhaço, foi abortada dias depois por divergência sobre comando. Ou seja: o PSDB não sabe o que quer, com quem quer, nem quem deve mandar. É um navio à deriva, em pleno mar de disputas ferozes entre extrema direita e centro-esquerda.
A contratação de Vitorino — que já trabalhou com Serra, Alckmin e até Crivella — parece mais uma tentativa de apagar o incêndio com desodorante. Enquanto os caciques locais e nacionais disputam nacos do que sobrou do poder tucano, o eleitor observa, cético. Sabe que quem foge do debate central dificilmente volta ao protagonismo.
Se quiser voltar ao jogo em 2026, o PSDB terá que fazer mais do que postar tucano estilizado em rede social. Terá que reaprender a fazer política. A boa, velha, suada política — com ideias, lideranças, risco e disputa real. Do contrário, nem o melhor marqueteiro do Brasil conseguirá reconstruir a imagem de um partido que já não sabe mais o que é.