
Governo paga num único dia R$ 75 milhões a cinco empresas
Cinco empresas que ganharam lotes do pregão presencial 001/2018, para aquisição de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas realizado pela Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS) receberam, juntas, num único dia (25 de maio), R$ 75 milhões do Governo do Estado, conforme levantamento feito pelo Contraponto 9 no Portal da Transparência.
As vencedoras foram: MZF Comércio, Importação e Representação LTDA; Juruá Estaleiros e Navegações LTDA; Agrícola Rio Preto; Big Trading e Empreendimentos e; Rezende Caminhões, Comércio e Representação LTDA. Boa parte dessas empresas têm ligações de longa data com o governador Amazonino Mendes (PDT).
A empresa MZF Comércio, Importação e Representação LTDA foi a que mais recebeu do Governo neste dia, no valor global de R$ 37,8 milhões, referente a três dos seis lotes que ela venceu no certame, seguida da Big Trading (R$ 11,7 milhões), da Juruá (R$ 11,5 milhões), Rezende (R$ 11,3 milhões) e, Agrícola Rio Preto (R$ 2,7 milhões).
Ivair Ferreira
A MZF, inscrita sob o CNPJ 03.497.536/0001-52, é de propriedade do empresário Ivair Ferreira, o mesmo dono da empresa Millenium Locadora LTDA, favorita para ganhar o contrato de R$ 14 milhões no pregão eletrônico (PE) 632/18 da Comissão Geral de Licitação (CGL-AM), para a locação de 18 veículos para o quadro de ambulâncias da Susam (Secretaria de Estado de Saúde).
Em 2011, quando Amazonino era prefeito de Manaus, tanto a MZF quanto a Millennium foram apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) por indícios de direcionamento nos contratos 18/2011 e 19/2011, para o aluguel de veículos à Secretaria Municipal de Educação (Semed).
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À época, a Corte de Contas também abriu um processo investigativo contra o valor repassado para as empresas de Ivair, que somavam R$ 2,8 milhões.
Já a empresa Juruá Estaleiros e Navegações LTDA (CNPJ 63.700.553/0001-77), que recebeu R$ 11,5 milhões tem como proprietário o empresário Marmude Correia Camely, ambos da família Cameli, que mantém uma relação estreita com o governador Amazonino Mendes desde a década de 1990.
Em 1995 por exemplo, uma empresa que leva o nome do empresário Marmude Correia Camely, chegou a ser considerada a segunda empresa que mais recebeu recursos oriundos do Estado, sem a realização de nenhum processo licitatório, e chegando a faturar R$ 16,9 milhões do governo de Amazonino na época, e mais R$ 18,3 milhões da Prefeitura de Manaus.

Eládio Cameli
Dois anos depois, em 1997, o jornal Folha de São Paulo noticiou que a mesma empresa foi apontada como suspeita de envolvimento no esquema de compras de votos para aprovar a emenda que permitiria o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) vir para a reeleição.
Também foi destacado que a relação do governador com a família Camely chegou favorecer o grupo em outros processos licitatórios envolvendo cerca de R$ 100 milhões, segundo apresentado na reportagem.
As empresas da família Cameli, inclusive, são as que mais faturam nesta quarta gestão de Amazonino Mendes à frente do governo.
Desde que ele assumiu, em outubro do ano passado até abril deste ano, por exemplo, três empresas: Etam Engenharia, Colorado e Amazônida, ligadas ao empresário Eládio Cameli, receberam o equivalente a R$ 58 milhões.