Pedido de Barreto para ser investigado pela Comissão de Ética tem aval do Plenário

Chantagem  emocional na berlinda

O plenário da Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovou, na sessão ordinária desta segunda-feira (5), o requerimento nº 1861/2017, de autoria do presidente do Poder Legislativo Municipal, Wilker Barreto (PHS), que solicita a instauração de procedimento de investigação na Comissão de Ética para apurar suposta prática de assédio moral e psicológico praticada por ele contra a vereadora Joana D’Arc (PR).

O documento, aprovado com votos contrários dos vereadores Plínio Valério (PSDB), William Abreu (PMN) e Chico Preto (PMN), e já encaminhado à Comissão de Ética para o início do processo investigatório, tem como objetivo apurar denúncias relatadas pela vereadora nas redes sociais e noticiadas pelo Portal A Crítica que aventam suposta “prática de assedio moral e psicológico pelo presidente da Câmara, com constantes ameaças de investigação junto ao Conselho de Ética e quebra de decoro parlamentar”.

No documento, Wilker Barreto solicita que as providências sejam tomadas de maneira célere, transparente e que todas as notas taquigráficas e gravações das sessões da CMM, do ano de 2017, sejam remetidas ao Conselho de Ética para apurar as supostas práticas.

A aprovação do pedido de processo investigatório foi precedida de uma longa discussão dos vereadores, que prestaram total apoio à iniciativa do presidente, em manter o requerimento. Dos vereadores que se pronunciaram, apenas Plínio Valério (PSDB), Gedeão Amorim (PMDB) e Chico Preto (PMN) pediram para que a questão fosse encerrada com uma conversa e entendimento. Os demais acharam por bem, apoiar a iniciativa do presidente, que considerou as acusações muito sérias para serem deixadas de lado. “Estou fazendo esse procedimento de forma tranquila e serena. Acredito que o presidente da Comissão de Ética, Wallace Oliveira (PTN) possa ter tranquilidade de elucidar os fatos”, disse.

Wilker Barreto explicou que a questão não se limita ao pedido de Questão de Ordem da vereadora e o encerramento da sessão de forma abrupta, que poderia se encerrar com um pedido de desculpas, mas pelo que foi dito em seguida. “Palavras não podem ficar jogadas ao vento e na vida pública só temos um nome. Tenho pai, mãe e esposa. Tenho mulheres em casa e como foi colocado ficou sendo uma questão de gênero, assédio e cerceamento de mandato”, afirmou, ao destacar que os trabalhos na Comissão de Ética não irão atrapalhar os trabalhos da Casa Legislativa.

O presidente fez questão de ressaltar, também, que jamais cerceou o direito de qualquer vereador. “Já tivemos embates acirrados, com o vereador Chico Preto (PMN), por exemplo, mas nunca cerceei mandato de parlamentar. Prezo pelo exercício sagrado do parlamentar. O maior exemplo é que fui reeleito quase por unanimidade”, assegurou.

Em sua fala, a vereadora Joana D’Arc considerou o requerimento do presidente equivocado e colocou em dúvida a competência da Comissão de Ética para investigar assédio moral. Justificou, ainda, que a Comissão de Ética é formada apenas por homens.

O presidente da Comissão de Ética, Wallace Oliveira assegurou, por outro lado, que vai trabalhar com todos os parâmetros necessários e com discernimento. O vereador disse entender que os excessos devem ser tratados e norteados e que todos aprendam com o ocorrido e que à frente desse trabalho terá toda a isenção que cabe o caso.

Vereadores como Professora Jacqueline (PHS), Raulzinho (DEM), Bessa (PHS), Fransuá (PV), Felipe Souza (PTN), Samuel (PHS) e Joelson Silva (PSC) também deixaram claro que apoiam a atitude do presidente.

Para Joelson Silva, os desdobramentos do episódio ganharam fronteiras. “Não vejo outra forma de agir, senão recorrer a Comissão de Ética”, afirmou. Professora Jacqueline também acredita que o fato, pela repercussão que tomou, precisa ser esclarecido para que não fique parecendo uma agressão contra a mulher. “Não precisamos nos vitimizar. Somos iguais nos direitos e nos deveres”, lembrou.

 

Texto: Nely Pedroso – DIRCOM

Foto: Tiago Corrêa – Dircom/CMM