Pequim espera que EUA e Coreia do Norte encontrem ponto intermediário

O líder norte-coreano, Kim Jong-un (esq.), em Pequim, ao lado do presidente chinês, Xi Jinping

O presidente chinês, Xi Jinping, ofereceu ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, seu firme apoio para o diálogo com os Estados Unidos sobre a “desnuclearização”, e espera que os dois países encontrem um ponto intermediário – informaram as agências oficiais de notícias nesta quinta-feira (10).

Para o presidente chinês, existe uma “oportunidade histórica” para um “acordo político na península [coreana]”, revelou a chinesa Xinhua, no segundo dia da visita de Kim Jong-un a Pequim.

Xi acrescentou que a China está disposta a ter um “papel positivo e construtivo” para manter a paz e a estabilidade, e para obter a “desnuclearização” na Península Coreana.

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Segundo a agência de notícias norte-coreana KCNA, “Kim Jong-un expressou sua preocupação com o estancamento criado no processo para melhorar os laços entre Estados Unidos e a RPDC (Coreia do Norte) e nos diálogos sobre a ‘desnuclearização'”, mas garantiu que “o princípio de buscar uma solução pacífica através do diálogo não mudou”.

“Xi Jinping considerou que as preocupações legítimas expressas pela RPDC são demandas justas e que estão completamente de acordo com os interesses razoáveis da RPDC, que devem ser justamente atendidos”, e “elogiou as medidas positivas adotadas” pelos norte-coreanos.

A Coreia do Norte reclama a suspensão das sanções impostas contra seu programa nuclear e balístico, e a China defende um alívio destas medidas. Washington insiste, porém, em que as sanções das Nações Unidas devem seguir vigentes até que Pyongyang renuncie a seu armamento nuclear.

A KCNA acrescentou que Xi aceitou um convite de Kim Jong-un para visitar a Coreia do Norte “no momento adequado”.

O diálogo entre Estados Unidos e Coreia do Norte sobre o arsenal nuclear de Pyongyang se estancou após a primeira cúpula entre Trump e Kim, celebrada em junho passado, em Singapura. O encontro terminou com uma vaga declaração de intenções sobre a “desnuclearização”.

No domingo, Trump afirmou que Estados Unidos e Coreia do Norte estão negociando o local para a segunda cúpula.

De acordo com a Xinhua, Kim declarou que seu país se esforçará para “conseguir resultados que sejam do agrado da comunidade internacional” no próximo encontro com Trump, e que “continuará comprometido com a ideia da ‘desnuclearização’ e de resolver o problema na península coreana através do diálogo e das consultas”.

Para o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, Pyongyang deve tomar “mais medidas arrojadas, práticas, para a desnuclearização”, de modo que as sanções sejam suspensas.

No mesmo sentido, acrescentou Moon, os Estados Unidos também devem tomar “medidas correspondentes” como, por exemplo, a aceitação de um “regime de paz” e declarar formalmente o fim da Guerra da Coreia (1950-1953).

Moon admitiu que o acordo alcançado em Singapura é um tanto “vago” e que existe um certo “ceticismo” em relação à promessa de desnuclearização por parte de Kim. Segundo o presidente sul-coreano, seu colega do Norte lhe garantiu, porém, que sua visão da desnuclearização “não difere em nada do que a comunidade internacional pede”.

Pyongyang realizou seis testes nucleares e lançou mísseis balísticos capazes de atingir os Estados Unidos, mas os testes estão suspensos há mais de um ano. Os norte-coreanos também demoliram as entradas de instalações de testes nucleares, alegando que já não são mais necessárias.

A crise regional escalou após Kim afirmar que seu país tinha completado o desenvolvimento de um arsenal nuclear, e rejeitar os apelos de desarmamento, que qualificou de “unilaterais”.

A China é o principal aliado da Coreia do Norte, um importante apoio diplomático e um parceiro comercial chave.

A visita de Kim à China coincide com as negociações comerciais entre funcionários chineses e americanos. Segundo alguns analistas, Pequim poderia utilizar o caso norte-coreano para pressionar os EUA, algo que a Chancelaria chinesa nega.