Prevent Senior diz ter prova de que médicos mentiram

Equipe jurídica da operadora alegou que as informações que abasteceram denúncias foram baseadas em documentos e mensagens fora de contexto

A Prevent Senior afirma que vai provar à CPI da Covid que os médicos por trás das denúncias que apontam ocultação de mortes em estudo sobre a eficácia da hidroxicloroquina contra a covid-19 e utilização do remédio sem anuência de pacientes mentiram. O depoimento do diretor executivo da companhia, Pedro Benedito Batista Júnior, está marcado para quarta-feira, 22, no Senado.

Em entrevista ao Estadão, a equipe jurídica da companhia, uma das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, alegou que as informações que abasteceram as denúncias foram baseadas em documentos e mensagens internos editados e fora de contexto. A empresa diz ter reunido registros de acesso indevido a seus sistemas e mensagens que mostrariam diretrizes diferentes das que vieram a público. Os advogados, porém, não apresentaram os documentos que dizem provar a versão.

As denúncias feitas pelos médicos estão em um dossiê revelado pela GloboNews, ao qual o Estadão também teve acesso. O documento, assinado por 15 ex-médicos da Prevent Senior, indica que pacientes foram medicados sem saber com o chamado “kit covid” – composto por medicamentos comprovadamente sem eficácia contra a doença. Eles acrescentaram à emissora que a operadora de saúde ocultou sete mortos em estudo sobre a utilidade da hidroxicloroquina, além de pressões para que profissionais não utilizassem máscaras.

Os advogados da Prevent devem protocolar nesta segunda-feira, 20, uma representação por denunciação caluniosa na Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o advogado Aristides Zacarelli Neto, a planilha em que constam as mortes não faziam parte de um estudo, foram acessadas por um ex-médico da empresa e traziam dados com “marco temporal” distinto daquele usado no levantamento original.

“Quem obteve o documento obteve de maneira espúria. E essa planilha a que ele teve acesso de maneira espúria tem um marco temporal. Essa análise tinha padrão de tempo. Por isso, criou-se a fantasiosa história de que morreram pessoas cujas mortes não foram devidamente notificadas, o que é uma inverdade”, afirmou Zacarelli ao Estadão.

Pressão

Ele também nega que os pacientes não soubessem que estavam sendo medicados com cloroquina, muito embora uma das mensagens atribuídas a diretor da empresa destacasse o texto: “Por favor, NÃO INFORMAR O PACIENTE ou FAMILIAR, (sic) sobre a medicação e nem sobre o programa”. De acordo com o advogado, a íntegra da mensagem e o contexto permitiriam verificar que essa seria uma orientação inicial aos pacientes para acabar com a pressão que faziam, interessados na cloroquina, contra as equipes hospitalares.

“Os médicos sofriam pressão dos pacientes para tomar hidroxicloroquina e azitromicina. Então, para não criar uma expectativa, tinha que ter critérios para administrar qualquer tipo de medicamento. E isso passava pelo crivo de outro médico. De maneira alguma foi ocultada qualquer informação no afã de administrar o medicamento”, afirmou.

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