A propina de R$ 6 milhões de reais, que o executivo Ricardo Saud, da J&F, teria pago ao senador Eduardo Braga (PMDB-AM) durante a campanha de 2014 foi repassada por meio do aluguel de um jato a ser usado pelo senador.
A informação foi noticiada no Jornal Nacional, da TV Globo, na noite deste sábado, tendo como base documentos que Saud apresentou dentro do acordo de delação premiada firmado com o Ministerio Público Federal.
A reportagem exibe duas notas fiscais, uma no valor de R$ 2.280.000 e outra de R$ 3,8 milhões, totalizando R$ 6,08 milhões. A nota, emitida pela Rico Linhas Aéreas, é referente ao aluguel de um jatinho com capacidade para 9 passageiros e dois tripulantes.
Conforme os documentos apresentados pela reportagem, as notas referem-se ao aluguel de uma aeronave modelo Cesna Citation XLS, em dois períodos: abril a agosto e setembro a novembro, período no qual o senador Eduardo Braga disputava a eleição para o governo do Estado.
Segundo o delator, este pagamento a Braga se encaixa no que ele chama de “reservatório de boa vontade”, quantias em dinheiro pagas aos políticos sem que houvesse uma contrapartida específica. A intenção era contar com os políticos quando necessário. “E para não atrapalhar a gente”, afirma.
Em outro trecho da delação, Ricardo Saud diz que Eduardo Braga e outros cinco senadores integravam um grupo de parlamentares “coringa”, e que pagaram a eles um total de R$ 35 milhões para pacificar o partido em torno de Michel Temer como candidato a vice de Dilma Rousseff. O valor destinado a Braga deste montante seria de R$ 6 milhões, mesmo valor das notas apresentadas.
O executivo afirmou, ainda, que dos R$ 500 milhões pagos a políticos naquele ano, no máximo R$ 15 milhões foram feitos de forma legal. Os valores, segundo ele, eram repassados por meio de contas no exterior, em espécie, em propinas disfarçadas de doações legais, e por meio de empresas ligadas aos políticos.
À reportagem da TV Globo, a assessoria de Eduardo Braga afirmou que as contas de campanha do então candidato ao Governo foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) e que todas as doações foram declaradas à Justiça Eleitoral.