Moscou — A escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia ganhou contornos ainda mais alarmantes nesta segunda-feira (9), após uma ameaça nuclear direta feita por um dos principais assessores de Vladimir Putin. De acordo com a agência estatal russa Tass, o chefe da delegação russa nas negociações de paz, Vladimir Medinski, declarou que uma tentativa de retomada dos territórios ucranianos ocupados pelas tropas russas pode levar ao “fim do planeta”.
A declaração foi feita em meio às tensões crescentes sobre o futuro das regiões que representam cerca de 20% do território da Ucrânia, hoje sob controle de Moscou. “Se não houver uma paz verdadeira, apenas um cessar-fogo temporário, isso se transformará em algo como o que ocorreu entre Armênia e Azerbaijão pelo Nagorno-Karabakh. Mais cedo ou mais tarde, a Ucrânia e a Otan tentarão recuperar o território — e isso nos levará à guerra nuclear”, alertou Medinski.
A “paz verdadeira”, termo usado pelo assessor, não foi claramente definida. No entanto, a posição do Kremlin é rígida: exige o reconhecimento da posse dos territórios ocupados, a neutralidade permanente da Ucrânia e a exclusão do país da Aliança Atlântica (Otan).
Troca de prisioneiros reacende esperança, mas impasse continua
Enquanto as ameaças de escalada nuclear ganham os holofotes, Rússia e Ucrânia deram um passo simultâneo em direção à diplomacia ao realizarem mais uma troca de prisioneiros de guerra. Desta vez, foram libertados combatentes com menos de 25 anos e outros gravemente feridos — uma ação vista como a primeira etapa da maior troca de prisioneiros desde o início do conflito militar em 2022.

Na semana anterior, representantes dos dois países haviam acordado uma troca de 1.200 prisioneiros de cada lado, além da repatriação de milhares de corpos de soldados mortos em combate. Segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a operação de hoje “já começou e será concluída em várias fases nos próximos dias”.
Zelensky também destacou a complexidade das negociações, classificando o processo como “delicado” e baseado em acordos humanitários firmados durante a reunião em Istambul.
Negociações continuam, mas sem trégua nos ataques
Apesar das movimentações diplomáticas, nenhum acordo de cessar-fogo foi alcançado até agora. Desde o mês passado, negociadores russos e ucranianos retomaram um diálogo direto — o primeiro em mais de três anos de guerra. Duas rodadas de conversas foram realizadas, mas ainda sem previsão de uma terceira.
Enquanto isso, os ataques militares seguem em curso. Na semana passada, uma operação ousada surpreendeu o mundo: drones ucranianos camuflados em caminhões atravessaram o território russo e destruíram 41 aviões de guerra em bases militares estratégicas da Força Aérea Russa.
O ataque foi interpretado por analistas internacionais como uma demonstração de capacidade e inteligência militar por parte da Ucrânia, além de um alerta claro ao Kremlin sobre a fragilidade de sua infraestrutura interna.
Tensão global e temor de nova guerra mundial
A possibilidade de um conflito nuclear entre Rússia e Ocidente reacende temores da Terceira Guerra Mundial, especialmente diante da retórica agressiva de Moscou. A frase de Medinski — “será o fim do planeta” — reverberou fortemente em círculos diplomáticos e de defesa, sendo vista como uma ameaça velada à Otan, à União Europeia e aos Estados Unidos.
A situação atual mantém o mundo em estado de alerta máximo. A guerra da Ucrânia já dura mais de três anos, ceifou milhares de vidas e colocou a segurança internacional em risco constante. E, agora, com a ameaça de guerra nuclear, o cenário geopolítico europeu entra em sua fase mais delicada desde a Guerra Fria.