Quadrilha se passava por diretor do Detran no WhatsApp para aplicar golpes no AM

Vinicius Leal

Um esquema criminoso que utilizava a imagem do diretor-presidente Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM), Leonel Feitoza, foi descoberto e divulgado nesta quarta-feira (14), em Manaus. Segundo informado pelo próprio diretor do órgão, uma quadrilha se passava por ele através do aplicativo de mensagens de celular WhatsApp para aplicar os golpes. Até o momento ninguém foi preso.

Os membros do esquema criminoso, conforme Leonel, ofereciam a liberação ilegal de veículos e a expedição de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) em troca de altas quantias em dinheiro que deveriam ser depositadas em contas bancárias. “É uma quadrilha que usava o WhatsApp, inclusive com a minha fotografia, uma (imagem) que não é a que eu tenho no meu WhatsApp, com diversos números de telefone, que não os meus”, disse Feitoza.

Conforme o diretor do Detran, o esquema foi descoberto ano passado, com ajuda da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (Derfv) e da Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai) da Secretaria de Segurança Pública. “Desde dezembro estamos investigando isso com a polícia e a Seai. Eles se identificavam como se fossem eu e ofereciam a liberação de veículos apreendidos e habilitação. Diziam ‘oi, aqui é o Leonel, se você tiver interesse temos como conseguir carro, motocicleta ou habilitação’”.

Em troca do falso “jeitinho” para adquirir os serviços no Detran-AM, os integrantes do bando pediam dinheiro. “Ligavam para você. Depois que viam o dinheiro na conta, eles encerravam essas contas. Muitas das contas não eram abertas aqui no Amazonas. Identificamos contas no Amapá, em Rondônia. E os números de celular eram descartados depois de finalizado o esquema. Alguns DDDs eram 92, do Amazonas, e outros de outros estados”, explicou Leonel.

Convencimento das vítimas

Segundo o diretor-presidente do Detran, os integrantes da quadrilha selecionavam as vítimas após consultar dados delas através de um sistema do Departamento Nacional de Trânsito (Denatram). “Tem um aplicativo do Denatran onde se você colocar a placa, você sabe se o veículo está irregular, com débito, se está apreendido. Eles (primeiro) pesquisavam placas de carros no nosso pátio e colocavam essas placas no aplicativo. Aí identificavam as pessoas e faziam a oferta”, explicou Leonel.

Pelo menos 15 pessoas foram vítimas da quadrilha. “Muita gente foi lesada. Só eu recebi 12 a 15 pessoas que foram lá comigo. Sem contar outras que foram em outros setores. Tem muito B.O (Boletim de Ocorrência) disso, mas há aqueles que não foram na delegacia porque têm a certeza que também estavam cometendo uma ilegalidade, e para não serem tratadas como cúmplices não foram registrar boletim”, explicou o presidente do Detran Amazonas.

Vítima foi ‘cobrar’ serviço

Uma das pessoas que foi enganada e enviou dinheiro à quadrilha chegou a ir à sede do Detran-AM, em Manaus, “cobrar” Leonel Feitoza pelo serviço. “Eu estava no meu gabinete e o homem disse ‘o senhor me mandou esse WhatsApp há três dias, dizendo que se eu viesse aqui poderia liberar três carros, duas motocicletas e habilitação por R$ 9 mil’. Ele me mostrou a mensagem e os depósitos que ele fez em três contas, cada uma de R$ 3 mil”.

“Eu falei ‘olha, meu amigo, sinto dizer que você é mais uma pessoa que contribuiu com o golpe. Você sabe que qualquer administração pública jamais iria usar WhatsApp para oferecer vantagens e cometer crimes. E você acha que três carros, uma moto e uma CNH valem R$ 9 mil? A retirada de CNH é demorada e os carros apreendidos no pátio não são nossos, são de terceiros, e só podem ser vendidos através de leilão. Infelizmente o senhor também é cúmplice desse golpe’”.

Alerta e denúncias

Conforme o diretor-presidente do Detran-AM, a Polícia Civil e a Seai continuam investigando o esquema criminoso com objetivo de identificar, localizar e prender os membros do bando. Quem for vítima desse golpe pode denunciar através do telefone (92) 99146-9863 e também pelo Disque 181 da Secretaria de Segurança Pública.

Matéria original