Tasso Jereissati garante a aliados que deixa presidência do PSDB se Aécio Neves não renunciar ao cargo

O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse a aliados que vai deixar o comando do partido caso Aécio Neves (PSDB-MG) não renuncie definitivamente ao posto na semana que vem. Em conversas reservadas nos últimos dias, Tasso Jereissati afirmou que chegou “ao limite” na queda de braço interna e que não pretende continuar brigando pelo poder com o colega mineiro –que está licenciado da presidência do PSDB desde maio.
O movimento do senador cearense foi interpretado como um ultimato. Tasso Jereissati fez cobranças públicas na quarta-feira (18) para que Aécio Neves deixe definitivamente a cúpula tucana, mas o mineiro ainda resiste. A ameaça de Tasso Jereissati de deixar a presidência interina do PSDB é, segundo seus aliados, uma pressão adicional sobre o grupo de Aécio Neves.
Aécio Neves pediu até a próxima terça-feira (24) para apresentar uma solução para a bancada, mas dirigentes da sigla enxergam risco de que ele continue postergando uma decisão sobre o caso. Predomina entre os tucanos o sentimento de que a permanência de Aécio Neves como presidente do partido, ainda que licenciado, prejudica a imagem do PSDB para as eleições de 2018.
Eles esperavam que Aécio Neves deixasse o posto de comando depois que o Senado derrubou, na terça-feira (17), duas medidas cautelares que haviam sido impostas a ele pelo Supremo Tribunal Federal no fim de setembro. Ele estava proibido de exercer o mandato e de deixar sua residência à noite. Senadores do partido se reuniram na noite de quarta-feira (18) para discutir o assunto. O encontro foi marcado por um ambiente de tensão. Aécio fez um apelo “emotivo” e disse se sentir “expulso” da sigla com a pressão para que abandone o cargo de presidente.
O episódio acirrou a divisão interna no partido na disputa pela presidência da sigla pelos próximos dois anos, que deve ser definida em dezembro. Irritados, aliados de Aécio Neves vão ampliar um movimento de resistência interna a Tasso Jereissati, que era considerado favorito na eleição para o controle da legenda. Mesmo tucanos que defendiam a permanência do senador cearense no posto acreditam que a pressão de Tasso Jereissati pela renúncia de Aécio Neves vai ampliar essa cisão, o que pode fortalecer a candidatura do governador goiano, Marconi Perillo.