Los Angeles (EUA) — Em meio à escalada de tensões nas ruas da Califórnia, o presidente Donald Trump autorizou o envio de fuzileiros navais para reforçar o contingente da Guarda Nacional que atua na repressão aos protestos contra a política migratória do governo federal. A mobilização militar, anunciada nesta segunda-feira (9/6) pelo Comando Norte dos Estados Unidos (USNORTHCOM), já provoca reações jurídicas e políticas.
A decisão surge após uma série de manifestações intensas que começaram na última sexta-feira (6/6), em resposta a uma operação do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Aduanas), que resultou na prisão de pelo menos 44 imigrantes em diferentes bairros de Los Angeles. A ação acendeu o estopim de uma nova crise social em território americano.
Crise migratória reacende confrontos nas ruas da Califórnia
Desde o início das manifestações, milhares de pessoas tomaram as ruas da cidade exigindo o fim das chamadas “políticas de deportação em massa”. Em resposta, o governo federal decidiu intensificar o aparato militar. Cerca de 700 fuzileiros do Corpo de Marines se juntam agora aos 2 mil soldados da Guarda Nacional que já atuam na contenção das manifestações.

A medida havia sido antecipada no domingo (8/6) pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, em publicação na rede social X (antigo Twitter). Ele afirmou que “a segurança pública seria restaurada com o uso de força federal, se necessário”.
Governador da Califórnia reage e processa Trump por envio militar sem autorização
A mobilização federal provocou reação imediata do governador da Califórnia, Gavin Newsom, que anunciou uma ação judicial contra o governo Trump. Segundo o democrata, a decisão é “ilegal e inconstitucional”, já que o envio de tropas federais a um estado requer autorização expressa do governo estadual, o que não foi concedido.
“Estamos diante de uma clara violação do pacto federativo. A Califórnia não aceitará o uso político das forças armadas para silenciar protestos legítimos”, disse Newsom em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira.
Conflito federal e estadual acirra polarização nos EUA
O embate entre o governo federal e o estado da Califórnia intensifica a já profunda polarização política nos Estados Unidos. Críticos acusam Trump de usar instrumentos militares para fins políticos, enquanto apoiadores defendem a medida como necessária diante do que classificam como “ameaça à ordem pública”.

Especialistas em direito constitucional alertam para o risco de precedentes perigosos. “É uma interferência sem precedentes da esfera federal nos assuntos estaduais, principalmente em um contexto de manifestação civil”, avaliou a professora Linda Gomez, da Universidade da Califórnia.